FILHOTES DE TARTARUGA SÃO SOLTOS EM BUSCA VIDA

FILHOTES DE TARTARUGA SÃO SOLTOS EM BUSCA VIDA

Moradores de Busca Vida podem acompanhar a soltura de filhotes de tartarugas que será realizada nos dias 17, 18, 24, 30 e 31 de dezembro, às 8h30. A atividade integra o programa “Nossa praia é a vida”, realizada pelo Projeto Tamar com o apoio do Condomínio Busca Vida (CBV). Cerca de 30 animais são liberados por dia na atividade, atendendo ao protocoloco de segurança e manejo. Nos dias 17 e 30/12, a soltura será no Estacionamento da Praça das Tartarugas (Lote 42). Já nos dias 18, 24 e 31/12, a atividade será ao Lado da Colônia de Pescadores.

“É importante os moradores tomarem conhecimento que Busca Vida hoje é umas das praias mais importantes para reprodução de tartarugas cabeçudas no Brasil, sendo considerada de extrema importância para conservação desta espécie. Lembrando que todas as espécies de tartarugas marinhas ainda estão na lista de animais ameaçados de extinção”, afirma a bióloga do Projeto Tamar Nathalia Berchieri. Por isso, a conscientização de quem vive no local é fundamental para a segurança dos animais.

O intuito da atividade é despertar nos participantes um sentimento de apropriação e responsabilidade para com a conservação das tartarugas e do ecossistema marinho como um todo. “Acreditamos que aqueles que participam desta atividade se sensibilizam com a causa e nos ajudam a disseminar informações e boas práticas relacionadas a conservação do meio ambiente”, explica Nathalia Berchieri.

Atitudes dos moradores são importantes

Os moradores podem contribuir com a preservação através de atitudes simples. A temporada de reprodução das tartarugas marinhas se inicia em setembro e se estende até março. Durante esses meses, a equipe do Tamar monitora a praia diariamente para identificar as desovas e proteger os ninhos. Cada ninho é identificado com uma estaca (cano de pvc). É de extrema importância que as estacas não sejam retiradas do local para que seja possível acompanhar e proteger o ninho durante todo o desenvolvimento dos filhotes, que dura em média 50 dias. Evitar também em usar a área ao redor dos ninhos para que a areia não fique compactada e dificulte a saída dos filhotes.

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Estacas do Projeto TAMAR na Praia de Busca Vida marcam os locais de desova da tartaruga marinha.

Uma das principais ameaças à sobrevivência dos filhotes no momento do nascimento é a iluminação artificial nas praias durante a noite. Luzes fortes incidindo na praia desorientam os filhotes, que não conseguem encontrar o caminho certo para o mar. Por isso, é importante manter as luzes de casas à beira-mar sempre apagadas à noite entre os meses de setembro e março, ou utilizar aparatos nos postes e luminárias que direcionem as luzes para o continente e não em direção à praia.

O trânsito de veículos em praias de desova de tartaruga marinha é proibido por lei. Esta prática pode causar o atropelamento de fêmeas e filhotes e compactar a areia, o que dificulta a saída dos filhotes do ninho. Animais domésticos desacompanhados na praia podem predar ninhos e filhotes. Os donos dos animais devem estar sempre atentos às atividades dos seus bichinhos e, se possível, mantê-los sempre em suas coleiras.

Sobre o Tamar

Em 35 anos de trabalho, o Tamar já protegeu e liberou ao mar mais de 25 milhões de filhotes. Na praia de Busca Vida, na temporada 2015/2016 foram 1037 ninhos, com liberação de mais de 22 mil filhotes.

Confira aqui algumas informações sobre o destino dos filhotes, em entrevista concedida pela bióloga do Tamar, Nathalia Berchieri:

 Pergunta – Como foi a ação do Tamar, até chegar esse momento da soltura?

Resposta – Nosso trabalho com esses ninhos começa desde o momento da postura, ou seja, quando a tartaruga mãe vem até a praia para deixar seu ninho. Ali, identificamos, marcamos e monitoramos diariamente o ninho até o momento do nascimento, que em média demora 50 dias.

P – Qual o destino que, segundo as pesquisas já realizadas, esses filhotes terão? Para onde irão e estima-se que quantos irão sobreviver?

R – Pouco se sabe sobre o destino dos filhotes que conseguem chegar ao mar, muitos servem de alimento para diversos animais marinhos. Os dois primeiros anos de vida da tartaruga marinha são conhecidos cientificamente como “os anos perdidos”, pois muito pouco se sabe sobre a rota desses filhotes, que se dispersam assim que entram nas correntes oceânicas. A estimativa natural é que, de cada 1.000 filhotes liberados, apenas 1 ou 2 chegarão à idade adulta (20 anos em média) e completarão seu ciclo reprodutivo.

P – Essas tartarugas irão retornar a Busca Vida?

R – Está cientificamente comprovado que as tartarugas marinhas são fiéis a sua área de desova. Isto significa que as fêmeas retornarão para colocar seus ovos na mesma região onde nasceram. Alguns indívíduos são extremamente fiéis, retornando sempre para à mesma praia para desovar, normalmente com um intervalo de 2 anos entre uma temporada reprodutiva e outra. A caminhada do ninho até o mar é extremamente importante para os filhotes. É neste momento que os filhotes “gravam” as informações sobre a praia para retornarem após 20 anos e completar o seu ciclo reprodutivo.

Atitudes importantes dos moradores para proteger os filhotes de tartarugas:

– Não retirar as estacas que identificam os ninhos.

– Evitar usar a área ao redor dos ninhos para que a areia não fique compactada e dificulte a saída dos filhotes.

– Manter as luzes de casas à beira-mar sempre apagadas à noite entre os meses de setembro e março, ou utilizar aparatos nos postes e luminárias que direcionem as luzes para o continente e não em direção à praia.

– Não usar veículos em praias de desova, pois eles podem causar o atropelamento de fêmeas e filhotes e compactar a areia.

– Atenção aos animais domésticos, pois eles podem predar ninhos e filhotes.

Adriana Jacob – Jornalista

(12/12/2016)