BUSCA VIDA É UMA DAS PRINCIPAIS ÁREAS DE REPRODUÇÃO E PROTEÇÃO DAS TARTARUGAS MARINHAS NO BRASIL

BUSCA VIDA É UMA DAS PRINCIPAIS ÁREAS DE REPRODUÇÃO E PROTEÇÃO DAS TARTARUGAS MARINHAS NO BRASIL

Período de pico das desovas começa em novembro e necessita de cuidados especiais dos moradores do CBV

A praia de Busca Vida é considerada um “bolsão” de ninhos de tartarugas marinhas. Isso significa que, em uma pequena área monitorada, cerca de 6 km de praia, do Rio Joanes até a divisa com Jauá, está presente um grande número de desovas. Portanto, os moradores devem ficar atentos! O período reprodutivo das tartarugas marinhas, animais ameaçados de extinção, vai de setembro a março, sendo de novembro a fevereiro o período com maior número de desovas e nascimentos.

Ainda não se sabe ao certo porque a praia de Busca Vida atrai tanto esses animais, mas, com certeza, por ser uma área preservada favorece o fechamento de ciclo de cada animal. “Anualmente, cerca de 30 mil ninhos são distribuídos pelas praias do Brasil, do litoral norte do Rio de Janeiro até o Ceará. Na Bahia, o Projeto TAMAR atua por todo litoral norte, protegendo cerca de 10 mil ninhos de tartarugas marinhas. Destes, 900 se encontram na praia de Busca Vida, região monitorada pelo projeto através da base de Arembepe”, afirma Nathalia Berchieri, bióloga do Projeto TAMAR base Arembepe.

O Brasil é considerado uma das principais áreas de conservação e proteção de tartaruga marinha no mundo. O país é referência em pesquisa com esses animais. “O aumento em números de desovas por praia é crescente. Isso comprova os resultados dos esforços concentrados na proteção e educação ambiental desenvolvidos nos últimos 35 anos, pelo Projeto TAMAR, no Brasil. A população das tartarugas marinhas vem aumentando gradativamente, mas ainda continuam na lista de animais ameaçados de extinção”, conta Nathalia.

Das cinco espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil, quatro desovam regularmente no litoral norte baiano. São elas: a Tartaruga Cabeçuda (Caretta caretta), Tartaruga de Pente (Eretmochelys imbricata), Tartaruga Oliva (Lepidochelys olivacea) e Tartaruga Verde (Chelonia mydas).

O nascimento das tartarugas

Cada ninho de tartaruga marinha tem cerca de 120 ovos, que demoram uma média de 60 dias para eclodirem. Os filhotes nascem sozinhos e podem demorar até 3 dias para sair do ninho, o que, normalmente acontece a noite. Chegando à superfície da areia, os filhotes se localizam através da região mais clara da praia. Com a luz da lua e as espumas brancas das ondas, as tartaruguinhas correm em direção do mar.

Esse percurso é extremamente importante para localização dos filhotes. É na caminhada até o mar que as fêmeas gravam o local em que nasceram. Daqui há cerca de 20 anos, quando alcançarem a idade reprodutiva, as tartarugas voltarão à área de nascimento para deixar os seus descendentes e completar o ciclo de vida. De cada 1.000 filhotes que conseguem chegar ao mar, apenas 1 ou 2 alcançam a idade reprodutiva. A estimativa de vida das tartarugas marinhas é de 80 a 100 anos.

População deve contribuir para a preservação

É muito importante que toda população tome para si a proteção das tartarugas marinhas, patrimônio da humanidade. Preste atenção a alguns cuidados:

⦁ Não deixe estruturas (cadeiras, toldos, sombreiros) durante as noites nas praias;
⦁ Respeite a ausência de luz nas áreas de desovas, a luz artificial é fatal para filhotes;
⦁ Não faça fogueiras na praia;
⦁ Não retire as estacas de identificação dos ninhos;
⦁ Não utilize veículos nas praias;
⦁ Mantenha os cachorros em seus lotes. Cães soltos a noite podem ser predadores nos ninhos das tartarugas e das fêmeas.
⦁ Não ilumine as fêmeas desovando, isso afugenta o animal. Nem os filhotes, pois eles ficam desorientados e não conseguem chegar ao mar.
⦁ Em casos de encalhes de animais vivos ou mortos, grandes ou pequenos, entrar em contato com a equipe do Projeto TAMAR (71-98127-0038/ 71-99979-0392/ 71-99988-5133), que se deslocará até o local.

O Projeto TAMAR em Busca Vida

O monitoramento do Projeto TAMAR na praia de Busca Vida acontece todos os dias, a partir das 4h30 da manhã. A equipe atua na procura das novas desovas, marcação, acompanhamento e abertura dos ninhos que nasceram para coleta de dados biológicos. Após a abertura dos ninhos, são realizadas as solturas com os filhotes retidos, aqueles que nasceram depois da maioria ou que nasceram fracos e não conseguiriam sair sozinhos dos ninhos. “Na abertura desses ninhos para coletarmos os dados, ajudamos esses filhotes que estavam presos a terem uma nova chance. Fazemos a soltura de filhotes, que faz parte do nosso programa “Nossa praia é a vida”, no qual sensibilizamos e disseminamos a mensagem da conservação”, conclui Nathalia, bióloga do projeto TAMAR.

(15/11/2017)